Esperando no portão...

Ao chegar de viagem encontrei em minha caixa postal um aviso de que havia uma encomenda no correio me esperando. E lá fui eu curiosa para saber o que havia para mim. Tinha uma relativa certeza de que poderia ser meu presente de “amigo secreto”. Sim, também se faz amigo secreto pela internet! (Coisas que tenho aprendido nessa maravilhosa convivência proporcionada pelo mundo virtual).

E de fato era meu presente de amigo secreto. Presente enviado pela querida Deise, lá de Santo Amaro, SP. Adorei o presente: o livro Carta entre amigos, do Pe. Fábio de Melo e do Gabriel Chalita. Apesar de ter lido trechos encontrados na internet e da minha amada amiga Dulce (te amo!), ter digitado e me enviado um capítulo inteiro apenas porque, era “a minha cara”, andava louca para tê-lo em minhas mãos, tocar as folhas com meus dedos, beber as letras impressas com os olhos e sentir o cheiro do papel. Nada substitui o prazer de ter um livro entre as mãos. Desculpem-me amigos internautas, mas um livro lido na tela do computador, jamais vai ser a mesma coisa...

Apesar de ter gostado imensamente do presente (perdoe-me amiga...), mas ele ficou em segundo plano! O que amei de paixão foi a CARTA. Sim, a carta. Aquelas três folhas frente e verso, manuscritas em folhas de caderno (que você deve ter surrupiado de um de seus filhos) com esferográfica azul. Esse foi o verdadeiro e incontestável presente! Fazem mais de vinte anos que não recebo uma carta pelo correio. Tem idéia do que é isso? Vinte longos e estéreis anos sem correspondência, exceto folhetos de propaganda e faturas de cartão de crédito. Sua carta, Amiga, foi uma luz, um oásis no deserto e o renascimento de algo que eu considerava morto: o amor e a consideração por um amigo. Sim, consideração, porque sei do seu esforço em escrever sem abreviações, porque percebi nos rabiscos os erros não intencionais, porque percebi em cada palavra o amor e o carinho que você tem por mim. Afinal, nos falamos todos os dias, então, porque escrever uma carta?

Sem me referir ao conteúdo da mesma (que é maravilhoso!), este gesto da Deise, fez com que eu voltasse no tempo e me lembrasse da minha primeira mudança de cidade. Eu tinha treze anos e fui para uma cidade onde não conhecia ninguém, não tinha parentes e muito menos amigos. Foi o caos. Eu era, ao contrário de hoje, de uma timidez gritante. Tinha vergonha da minha própria sombra. E era metida a poeta. E vocês sabem como poetas são solitários.

Então, a maneira que encontrei para acabar com a solidão foi a correspondência. Escrevia cartas quase semanais para amigas que havia deixado para traz. Ficava esperando no portão a passagem do carteiro. A expectativa das respostas as minhas cartas, era uma coisa indescritível. Guardo essas cartas até hoje. São de uma preciosidade inestimável. E como disse, estão pra lá de 25 anos no passado. Saudosismo? Não. Amor, puro e simples. Mesmo que tenham se perdido no tempo e na história, muitos destes amigos, ainda amo como se conversasse com eles todos os dias. São provas de um tempo, em que o relacionamento humano não era tão “instantâneo” e “volátil”.

É isso. Pode parecer uma bobagem sem tamanho, mas ainda sou do tempo em que a espera e a antecipação do conteúdo de uma carta, fazia bater forte o coração. Então, esta carta, foi eleita o “presente do ano”. Sem dúvida alguma. E o título do livro? Tudo a ver!

Angela Rocha
Correspondente Amadora


P.S. Quem quiser me escrever, fique a vontade...

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