Inalcansáveis!
E estamos nós aqui, alguns anos mais velhas... E um
pouco mais mães, e um pouco mais avós... Novas vidas se fazem presentes em nossas
vidas... E quem sabe tem mais gente que virou mãe e avó e eu nem sei? E fico aqui
pensando no quanto estes filhos e netos, essas criaturinhas, são pedacinhos da gente e
de Deus.
E mais ausências também...
Pois é...
Todo dia penso em escrever uma carta pra matar uma
saudade. Pra retomar aquele tempo bom que quanto mais a gente lembra, mais
parece que foi bom...
Mas, quando
dou por mim... Já era! E a gente escuta e anda falando muito isso por aí...
Vi isso num blog outro dia: a “doença
da pressa”.
Parece que nosso tempo foge e andamos “perdendo o
bonde”, facim, facim... E, às vezes,
esse bonde nos levaria pra lugares “nunca dantes imaginados”!
Sabe, ler uma carta deve demorar apenas uns 5
minutos, um pouco mais um pouco menos, depende da sua afinidade comigo (Aha! Tem que ter afinidade comigo para me
ler!) e de seu ritmo de leitura. E o que são 5 minutos do seu tempo?
Dizem por ai, que cada vez se tem menos tempo - e
paciência - para ler, por isso a solução é fazer facebooks, blogs, livros,
“páginas”, sites, perfis... Cada vez mais "acelerados" onde o que
você lê, você interpreta como dá, como bem entender, puder ou quiser ... E
assim metade da informação é passada pelo “telefone sem fio” da latinha de
massa de tomate... E quem conta um conto, aumenta um ponto. No final nem
sabemos mais o que é real ou imaginário... Ou “virtual” mesmo, desta terra de
ninguém, onde todo mundo escreve e parece que nada é de autoria de alguém...
E a tal leitura dinâmica ou leitura rápida
é o que mais se faz, mesmo sem a menor intenção. Aposto que você já cansou de
dizer: “...é, eu dei uma passada de olhos”
ou “eu li algo sobre isso em algum lugar”
ou “É, baixei um arquivo sobre o assunto”... Que você acabou “arquivado” sabe
lá Deus aonde.
E isso é uma epidemia, sabiam? A doença da pressa. Tá
todo mundo infectado! Sabem quais são os sintomas? Desejo de saber tudo, ouvir
tudo, ter todo tipo de informação, mesmo que seja pela metade, compactada, sem
nenhum pingo no i, sem nem saber pra que serve a tal “informação”. Na pressa,
no sufoco, no “depois eu leio”, “ai, deletei sem querer!”... Ou pior,
pior dos piores: “isso não me
interessa...”
Aviso aos “posta-restantes” deste correio: Eu estou
fazendo a mala pra voltar a viver um outro tempo, na era das “cartas escritas”
(não a mão que a essa altura do campeonato minha caneta é o teclado...) Vou
beber de uma outra energia de agora em diante...
E se a gente andasse com mais lerdeza? O tempo está
se acelerando mesmo? Mas o dia continua tendo 24 horas! 1 hora vale 60 minutos
e, cada minuto ainda tem 60 segundos! Então, que foi que mudou?
Eu que não passarei mais um ano com a sensação de
que não consigo fazer tudo o que quero e que deixei algo passar! E que uma
destas coisas é a preciosidade de ter amizade verdadeira das pessoas...
E essas tecnologias modernas que nos custam tão
caro e prometem fazer render nosso tempo nos enganam sem a menor consideração!
Propaganda enganosa! Continuamos com uma pressa inalcançável! Nada faz “render” o tempo... A não ser o nosso passo
mais lento...
E hoje a gente não consegue se esconder de mais
ninguém. Podemos ser localizados em qualquer lugar e a qualquer momento por
qualquer pessoa em qualquer rede social... Praqueiço? Se na hora que eu quero
chorar de verdade na “aba” de alguém, tá todo mundo “offline”? Convido um amigo pra tomar um café, um simples cafezinho
ele tem que consultar a agenda pra ver se pode? Celular virou sala de visita...
Ninguém se encontra mais!
Mensagens instantâneas num simples click de tecla, uma quantidade de
informação que eu nunca conseguirei acessar, uns 1.000 amigos que eu jamais
encontrarei pessoalmente...
Doença da Pressa já existe, sabia? E os semáforos
vermelhos continuam testando nossa paciência, obrigando a gente a frear a cada
quarteirão. E quem disse que apertar as teclas do elevador, duas, quatro, dez
vezes vai melhorar a eficiência do elevador? A fila do supermercado não anda porque
as pessoas ainda comem. E ainda assim, continuamos a xingar no semáforo, a
reclamar do elevador que não chega nunca, e ai daquele que na hora de pagar
lembra que esqueceu o pãozinho... Aceleração é uma escolha que fazemos... E
vamos perdendo muita coisa que não temos tempo de apreciar pela janela, porque
nosso bonde mais parece o trem-bala...
E aí a gente também vai cometendo os erros da vida
acelerada... Como não ter amigos de verdade.
Prejudica as relações com a família, maridos,
amigos... Porque temos pressa ou estamos distraídas para se envolver
profundamente com qualquer outra pessoa (que não a gente mesma).
E viva as “gentes pela metade”! E vamos engordando
porque comemos rápido demais ou algum bagulho de fastfood... E temos ideias pouco criativas por dar à mente poucas
chances de funcionar num modo mais suave, relaxado... Divagar, deixar a mente fluir, a cabeça bobear... E a gente lá tem tempo pra isso?
E paramos de ter prazer com a comida, sexo e hobbies pra realizar atividades mais “prazerosas” depois! tsc, tsc, tsc. Quequéiço?? E cada “mico” que a gente carrega nas costas! Corre, corre, corre tanto, pra não chegar a lugar nenhum!
E paramos de ter prazer com a comida, sexo e hobbies pra realizar atividades mais “prazerosas” depois! tsc, tsc, tsc. Quequéiço?? E cada “mico” que a gente carrega nas costas! Corre, corre, corre tanto, pra não chegar a lugar nenhum!
Vamos então separar um tempo para desligar toda a
tecnologia que nos cerca: internet, celular, televisão.... Sentar com os
próprios pensamentos...
Ligar pra mim ou escrever uma carta... Escutar o Elvis ou ler um livro...
Larga tudo que tá fazendo e vem comigo! No caminho eu explico....
Ligar pra mim ou escrever uma carta... Escutar o Elvis ou ler um livro...
Larga tudo que tá fazendo e vem comigo! No caminho eu explico....
Ângela Rocha
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